O Laboratório de Óptica de Raios X (LORXI) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) é um dos laboratórios de pesquisa mais antigos do Departamento de Física. Sua origem remonta a 1968, quando o então diretor do Instituto de Física, Professor Algacyr Munhoz Maeder, propôs fortalecer a física experimental no Paraná. Após discussões com o Professor Sérgio Mascarenhas e o retorno do Professor Cesar Cusatis dos Estados Unidos, o laboratório foi oficialmente inaugurado em 1969 no recém-criado Centro Politécnico da UFPR. Sob a liderança do Professor Cusatis, o LORXI iniciou suas atividades desenvolvendo estudos pioneiros na determinação de estruturas monocristalinas, superando as limitações técnicas e instrumentais da época.
Durante a década de 1970, o LORXI passou por um período de desenvolvimento e expansão. Em 1973, o Professor Cusatis concluiu seu doutorado e pós-doutorado na Universidade de Bristol (Inglaterra), trazendo novos conhecimentos e consolidando a base experimental do laboratório. Nos anos seguintes, com a chegada de novos pesquisadores, como Antônio Ricardo Droher Rodrigues, o LORXI ampliou suas capacidades instrumentais com o desenvolvimento de um difratômetro de duplo-eixo e do sistema SCOPE, marcos importantes na automação de experimentos em difração de raios X.
Na virada para os anos 1980, o laboratório ampliou suas linhas de pesquisa com a introdução da interferometria de raios X, tema desenvolvido pelo Professor Irineu Mazzaro em sua tese de doutorado. Mazzaro, ex-aluno de iniciação científica do LORXI, foi responsável por abrir novas frentes experimentais que consolidaram o grupo como uma referência nacional em óptica e instrumentação de raios X. Em 1981, Ricardo Rodrigues retornou ao Brasil após concluir seu doutorado em Londres e impulsionou o desenvolvimento de instrumentação avançada no laboratório, o que deu início a uma nova fase de inovação tecnológica.
Foto esquerda superior, Prof. Cesar Cusatis e foto esquerda inferior Prof. Irineu Mazzaro. Foto Direita: 1982 - Em pé, da esquerda para a direita: Prof. Hamilton Araújo Bicalho, da UFPR, ex-aluno de iniciação científica, doutor em Física pela Unicamp, falecido.; Carlos Roberto Scorzato, amigo de muitos anos, foi técnico do LORXI e atualmente trabalha no LNLS, Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas.; Dr. Hélio Tolentino, ex-aluno de iniciação científica, doutor em Física pela Universidade de Paris XI, atualmente pesquisador no LNLS/CNPEM, onde chefia a Divisão de Matéria Heterogênea e Hierárquica e atua também como pesquisador em afastamento do CNRS, França. Embaixo, da esquerda para a direita: Prof. Ricardo Droher Rodrigues, ex-aluno de iniciação científica, doutor em Física pela Universidade de Bristol, Inglaterra, foi diretor do LNLS; Dra. Liu Lin, ex-aluna de iniciação científica, doutora em Física pela Unicamp, atualmente coordena a Divisão de Aceleradores do LNLS/CNPEM; Prof. César Cusatis, da UFPR, doutor em Ciências pela USP São Carlos, atualmente Professor Titular aposentado da Universidade Federal do Paraná; Prof. Irineu Mazzaro, da UFPR, atualmente Professor Titular aposentado da Universidade Federal do Paraná.
Entre 1985 e 1990, o LORXI continuou a crescer com a integração de novos membros, como o pesquisador Hamilton A. Bicalho, e o fortalecimento de colaborações nacionais. Nesse período, teve início a participação ativa do laboratório no projeto do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), o primeiro do tipo na América Latina. O envolvimento do LORXI foi decisivo para a consolidação das linhas de difração de raios X do LNLS, especialmente a linha XRD, projetada e construída com a participação direta dos Professores Cesar Cusatis e Irineu Mazzaro.
A partir de 1991, o LORXI consolidou-se como um polo estratégico de pesquisa e formação de recursos humanos em física experimental e instrumentação científica. Em 1998, sob coordenação de Cusatis, foi inaugurada oficialmente a linha XRD no LNLS, marco histórico para a ciência brasileira. No mesmo período, o laboratório adquiriu um difratômetro de quatro círculos, ampliando significativamente sua infraestrutura e capacidade analítica.
As contribuições do LORXI ao desenvolvimento da ciência síncrotron no Brasil são amplamente reconhecidas. Ricardo Rodrigues, ex-aluno do Professor Cusatis, foi um dos principais responsáveis pela criação e implementação das fontes de luz síncrotron brasileiras UVX e Sirius, ambas instaladas no LNLS/CNPEM. Outros ex-colaboradores do laboratório também tiveram papéis fundamentais nesse contexto: Liu Lin participou da operacionalização do UVX e, posteriormente, coordenou o projeto Sirius, sendo atualmente chefe da Divisão de Aceleradores do Sirius, enquanto Hélio Tolentino contribuiu para o desenvolvimento dos aceleradores e hoje lidera a linha de luz Carnaúba, uma das mais avançadas do Sirius. O próprio Professor Cesar Cusatis teve participação direta na concepção e no desenvolvimento de uma das linhas do UVX, reforçando o papel do LORXI como formador de talentos e ideias que impulsionaram a ciência de síncrotrons no país.
1999 – Comemoração dos 30 anos do LORXI.
Fila superior (da esquerda para a direita): Desconhecido, Cesar Cusatis, Paulo Cesar Camargo, Paulo Eduardo Narciso de Souza, Miguel Abbate, Marcelo Hönnicke, Ilton Cézar Guimarães e Irineu Mazzaro. Fila inferior (da esquerda para a direita): Germán Tirao, Elias Abrahão, Sílvio Freitas, Douglas S. D. da Silva, Edson Kakuno e Carlos de Carvalho.
Sinopse de reportagem: Os raios X, antes cercados de mistério, tornaram-se essenciais para a ciência moderna. Na Universidade Federal do Paraná, o Laboratório de Óptica e Instrumentação de Raios X (LORXI), fundado em 1969, é o único da América Latina dedicado à óptica de raios X. Reconhecido por sua inovação em instrumentação e colaboração com o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), o LORXI desenvolve tecnologias que aprimoram o estudo de materiais e impulsionam o avanço da pesquisa em física experimental.
Em 2010, o LORXI entrou em uma nova fase com a chegada do Professor Guinther Kellermann, bacharel em Física pela UFSC, mestre pela USP e doutor pela UNICAMP. Com vasta experiência adquirida durante sua atuação como físico no LNLS entre 1997 e 2010, Kellermann contribuiu para as linhas de luz SAXS e XRD2, trazendo ao LORXI um forte vínculo com a pesquisa em espalhamento e difração de raios X em grandes instalações. Desde 2019, ele é o líder do Grupo de Óptica e Instrumentação de Raios X (LORXI), promovendo a modernização das atividades e a integração com novas tecnologias experimentais.
Conheça o trabalho dos docentes Irineu Mazzaro e Guinther Kellermann, no Laboratório de Óptica de Raios X e Instrumentação (LORXI) da UFPR. Aos 50 anos, o espaço é a casa de diversas produções científicas – das exatas à saúde! Vem assistir:
A partir de 2020, o grupo passou a contar também com o Professor Fabiano Yokaichiya, engenheiro eletricista formado pela UFPR, com mestrado e doutorado pela UNICAMP. Com ampla experiência internacional, tendo realizado estágios de pós-doutorado em instituições como o Laboratoire Louis Néel (França), Brookhaven National Laboratory (EUA), Helmholtz-Zentrum Berlin (Alemanha) e IPEN (Brasil), Yokaichiya reforçou o elo entre o LORXI e o cenário científico global. Antes de retornar à UFPR, ele atuou por dois anos no LNLS, onde foi coordenador da linha de difração de pós (XPD), contribuindo para o fortalecimento da instrumentação e análise de materiais cristalinos.
Hoje, o LORXI se mantém como um centro de excelência em pesquisa, desenvolvimento e formação na área de raios X, preservando sua tradição pioneira e ampliando sua contribuição à ciência nacional e internacional. Desde sua fundação, o laboratório tem sido um espaço de inovação, colaboração e formação de gerações de pesquisadores que continuam a expandir os limites da óptica e instrumentação de raios X no Brasil.
2024 – Reunião de grupo e comemoração dos 55 anos do LORXI.
Da esquerda para a direita: Higor Rosenberger, graduando em Licenciatura em Física, aluno de Iniciação Científica. Prof. Dr. Fabiano Yokaichiya, Professor Titular da UFPR. Márcio Bulla, bacharel em Física pela UFPR, mestrando em Ciência e Engenharia de Materiais na UFPR. Thiago Tessari, licenciado em Física pela UFPR, mestrando em Ciência e Engenharia de Materiais na UFPR. Rodrigo Rhinow, bacharel em Física pela UFPR, mestrando em Ciência e Engenharia de Materiais na UFPR. MSc. Vinicius Meredyk, graduado em Física e mestre em Engenharia e Ciência dos Materiais pela UFPR, atualmente aluno de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais da UFPR. Lidiane Abadessa, graduada em Licenciatura em Ciências Naturais pela UFPA, atualmente mestranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais da UFPR. MSc. Ari Ribeiro Jr., graduado em Física e mestre em Engenharia e Ciência dos Materiais pela UFPR, atualmente aluno de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais da UFPR. Thais de Oliveira, graduada em Física pela UFPR, mestranda em Ciência e Engenharia de Materiais na UFPR. Walter Peccinini Neto, graduado em Física pela UFPR. Eugênio Assal Flor, graduado em Física e mestrando em Física pelo Programa de Pós-Graduação em Física da UFPR. MSc. Thiago Paulino Schuitek, graduado em Física e mestre em Física pela UFPR, atualmente aluno de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Física da UFPR. MSc. John Welvins de Araújo, graduado pela UNIPAMPA e mestre em Física (IMEF-FURG), atualmente doutorando no Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade Federal do Paraná. Prof. Dr. Guinther Kellermann, Professor Titular da UFPR.